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Foto do escritorEsther Obriem

Instituições estão preparadas para campanha online, garantem especialistas

Atualizado: 27 de jun. de 2022

As eleições têm mais regra contra fake news e programas de checagem de informações


A pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Internet e Política da PUC-Rio Letícia Capone alertou para as narrativas de desinformações nas eleições deste ano. Segundo ela, o usuário consome apenas um conteúdo específico e não procura por informações distintas. Para garantir assegurar a disputa eleitoral on-line, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) firmaram parcerias com as redes sociais.


O secretário de modernização, gestão estratégica e socioambiental do TSE, Bruno Andrade, acredita que o combate contra fake news evoluiu desde a última eleição presidencial no país. De um lado, as plataformas buscam maneiras de diminuir o alcance dos posts e, do outro, a população denuncia os conteúdos para as plataformas de fact-checking.


– Muitas vezes o usuário sabe que o conteúdo não é verdadeiro, mas compartilha por acreditar na mensagem final. É isso o que acontece com a população de modo geral: você recebe uma informação equivocada que coincide com seu modo de pensar e, por isso, você passa para frente, mesmo sabendo que o subtexto é errado.


Para Letícia, o trabalho de verificação dos conteúdos fica mais difícil quando a informação está inserida em uma narrativa de desinformação. A pesquisadora destacou que o usuário não consegue entender como a publicação é falsa se ele viu outras parecidas na internet.


– Não há um contraponto explicando a seriedade do trabalho do tribunal do TSE, dos ministros e a importância de ter um poder judiciário com o mesmo peso do Poder Executivo do Poder Legislativo. É mais difícil provar para as pessoas que as informações estão erradas, porque ela só consome esse tipo de conteúdo e tem vários vídeos ou mensagens que falam a mesma coisa.

Letícia observou que, em certos casos, as narrativas de desinformação estão atreladas a discursos de ódio contra o sistema eleitoral. Ela analisou contas bolsonaristas em 240 canais do YouTube e em mais de 900 perfis do Instagram para o grupo de pesquisa da PUC-Rio. O estudo concluiu que os conteúdos colocam em xeque as urnas eletrônicas e o processo eleitoral, desmoralizam o STF e atacam diretamente os ministros da Justiça.


No caso das contas de esquerda, a pesquisadora explicou que não há uma pesquisa sistematizada e as conclusões são feitas por meio do acompanhamento dos perfis. Segundo Letícia, algumas contas fazem ataques aos tribunais, mas não existe a tendência de questionar o sistema ou o resultado eleitoral. Os conteúdos são mais voltados para questões da Lava Jato, especificamente com o ex-juiz da operação Sérgio Moro.


Andrade concluiu que os usuários não têm uma dimensão de consequências concretas das fake news na sociedade e, por isso, compartilham. De acordo com o secretário, existem casos de pessoas que sofreram alguma violência por serem confundidas por outro indivíduo que aparecia um vídeo ou uma foto.


– Na crença das pessoas, o fim justifica o meio. A mensagem maior, por exemplo, é de que a pessoa é corrupta e isso já está consolidado como verdade na cabeça do indivíduo. Vale lembrar que, da mesma forma que as pessoas disseminam informação falsa, há outras que confirmam comigo se a informação está certa. Há cerca de três anos isso não acontecia.


O coordenador do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Internet e Política (COMP), Arthur Ituassu, salientou que as fake news são apenas a “ponta do iceberg" e não garantem, sozinhas, o vencedor das eleições. Com base nos anos anteriores, ele deduz que o impulsionamento de conteúdos pode ser utilizado pelos políticos como estratégia para as eleições de 2022.


O artigo 57C da Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997) veda qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet, com exceção do impulsionamento de conteúdo. Os candidatos são proibidos de fazer campanhas negativas ou pedir voto, mas podem mostrar projetos antigos ou as intenções eleitorais. Em 2018, os candidatos usavam estratégicas orgânicas e a presença digital não era tão consolidada.


Ituassu relembrou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) usava as redes sociais para aumentar a visibilidade e, em 2014, tinha 30 vezes mais interações que os outros candidatos. Os partidos políticos separam, desde o ano passado, dinheiro para investir em alcance nas principais plataformas. Entre outubro e novembro do ano passado, os partidos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Sérgio Moro (Podemos) e Ciro Gomes (PDT) gastaram R$ 115 mil com posts patrocinados.


Para a pesquisadora do Instituto Vero Laura Pereira, o direcionamento de conteúdo é uma prática antiga adotada pelos políticos em ano eleitoral. Ela explica que, antes da internet, as equipes de comunicação dos partidos estudavam diferentes perfis de pessoas para encontrar os potenciais eleitores. A maneira de “fazer política” se adaptou com o avanço da tecnologia e a demanda populacional pelas redes sociais.


– A equipe ia em um bairro específico e fazia um trabalho intenso na região. Esse tipo de prática está incorporada dentro da comunicação política, seja de forma off-line seja de forma on-line. Então, acho que essas ações não são um problema, basta ficar atento se o direcionamento digital infringe alguma lei.


Laura frisou que o principal problema para o direcionamento é a base de dados de usuários. Segundo ela, é preciso ficar atento em como os políticos utilizam informações pessoais para criar conteúdos direcionados. A pesquisadora acrescentou que os livemícios são proibidos e que os políticos também não podem pedir ou pagar para influenciadores digitais defenderem uma causa específica.


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